sábado, 21 de dezembro de 2013

Feliz Natal!

Natal. Não sei por que essa palavra me faz lembrar sinos, sinos tocando. Antigamente era comum sinos no Natal; hoje, quase não aparecem nas decorações da festa.

Os sinos se perderam no tempo, assim como o significado da data. "Profa, por que é feriado dia 25?". A pergunta me deixa estarrecida. No amontoado de presentes, luzinhas, bolinhas, árvores, noéis, renais, bonecos de neve, castanhas, perus, pernis e tenders, surge o menino na manjedoura, perdido.

"Nasceu o Salvador", muitos proclamam, sem entender: "Salvador? Do quê?". E assim, em meio aos vivas da festa, ele fica lá, pequenino, restrito à manjedoura, sedento por encher os corações. De paz, de alegria, de vida. O menino Jesus fica na manjedoura para, depois do dia de reis, ser guardado novamente na "caixa dos enfeites", pronto para o próximo ano. E Ele sedento por nascer nos corações, por nascer nos corações.

O menino cresceu, tornou-se homem e veio, sim, salvar. Acredite ou não. Salvar os perdidos na vida. Salvar os perdidos da vida. Salvar das trevas e da escuridão. Escuridão do medo, da morte eterna, da solidão, do vazio no coração. Deixa Ele entrar?

O menino cresceu. Cresceu e morreu em nosso lugar, para que, um dia, diante de Deus, pudéssemos entrar. O menino cresceu. Cresceu, morreu e ressuscitou. Conquistou a vida que só Ele pode dar.

Nesta época de festas, não o deixe na manjedoura ("pobre menino!"). Não foi para isso que Ele veio. Deixe que Ele encontre um lugar em sua casa, em sua vida e em seu coração. Ele quer "sair da árvore". Não é mais um menino. Ele cresceu. E morreu. E entregou-se por nós. Isto é Natal (ou deveria ser). Dê a Ele o melhor dos presentes: a vida que Ele mesmo nos deu.

Um feliz "nascimento de Cristo" para todos, todos os dias, nos corações!!!

Simone




segunda-feira, 11 de novembro de 2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Carta escrita no ano 2070

Estamos no ano 2070 e acabo de completar os 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.

Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por  cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos raspar a cabeça para  mantê-la limpa sem água. Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDE DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais  podia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas,  já  que não temos a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastro-intestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.

A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário.
Os assaltos por um galão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos parece como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigênio também está degradado por falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.

O governo já nos cobra pelo ar que respiramos: 137m3 por dia por habitante adulto. As pessoas que não pode pagar são retiradas das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade, mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.

Em alguns países existem manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água é agora um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui já não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelos testes atômicos e da industria  contaminante do século XX. Advertiam-se que havia que cuidar o meio ambiente e  ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, a chuva, as flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o quão saudável que as pessoas eram. 

Ela pergunta-me: "Papai, porque acabou a água?" Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que destruiu o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar o nosso Planeta Terra!



Extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos"

sábado, 7 de setembro de 2013

Ivan Ângelo: breve biografia

Ivan Ângelo (Barbacena MG 1936). Romancista, contista, cronista, jornalista, professor e tradutor. Nascido em Barbacena, Ivan Ângelo muda-se ainda criança para Belo Horizonte, onde estuda e demonstra grande interesse pela literatura. Com o dinheiro de seu primeiro emprego, compra, aos 14 anos, a obra completa de Machado de Assis.  Com 21, escreve contos para a revista mineira Complemento. Aos 23 anos, ganha o Prêmio Cidade de Belo Horizonte, com o livro Duas Faces, publicado em parceria com Silviano Santiago, em 1961. Muda para São Paulo, em 1965, e passa a exercer a função de editor no Jornal da Tarde. Começa a trabalhar no projeto de um romance, que, por influxo da forte censura imposta pelo governo militar, é finalizado somente em 1975. Trata-se do elogiado A festa, com o qual recebe, no ano seguinte, o Prêmio Jabuti. Em 1979, publica um livro de contos intitulado A casa de vidro e, sete anos depois, lança A face horrível, volume que lhe valeu o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e que é composto por contos publicados em seu primeiro livro e de alguns inéditos. Em 1985, torna-se editor-chefe do Jornal da Tarde e publica uma nova obra somente em 1994, O Ladrão de Sonhos, seu primeiro livro infanto-juvenil. No ano seguinte, lança Amor?, romance ganhador do Prêmio Jabuti. Continua a dedicar-se à literatura infanto-juvenil,  ao mesmo tempo que começa a ter suas crônicas publicadas em revistas semanais.




Texto "Pitangas", de Ivan Ângelo

Fui flagrado apanhando pitangas no bairro de Perdizes. Não apenas comendo algumas, como pode acontecer com qualquer humano ou passarinho. Com humanos, quando tocados por súbita tentação ou nostalgia; com passarinhos, ao cuidarem da própria subsistência.

O nome justo e certo para o que eu estava fazendo é colhendo: eu estava colhendo pitangas na Rua Itapicuru. Gordas pitangas, de cores variando do vermelho ao roxo. Havia um disfarçado constrangimento na atenção com que eu agia, não olhava para lado nenhum que não para as pontas dos galhos, com receio de encontrar algum olhar de censura. Aquelas frutas pertenciam por direito aos pássaros do bairro. Eles não tinham supermercados ou feiras para se abastecer, os alimentos deles talvez tivessem escasseado durante a longa seca recém-terminada. As chuvas trouxeram alívio para as pitangueiras, que, parece, estavam se arrebentando de vontade de dar pitangas.

Havia duas ou três circunstâncias a meu favor. Uma delas: fui menino de convivência com pitangueiras. Isso marca a gente, deixa uma carência insolúvel quando se muda para apartamento numa metrópole. Ninguém liga para os sem-pitangueira, é problema menor na cidade grande. Que eu soubesse, seria um problema só meu e dos sabiás.

Outra circunstância a meu favor: a minha geleia de jabuticaba estava no finzinho. Fiz eu mesmo essa geleia, com as frutas da safra passada que escaparam da voracidade dos micos que saem da mata para catar comida no nosso sítio. Melhor comerem as jabuticabas do que os ovos dos passarinhos. De repente, achei uma ótima idéia fazer geleia de pitanga.

Ainda uma coisa a meu favor – e foi mais um detalhe que passou pela minha cabeça no instante da minha estouvada decisão: quando saí do sítio no feriado passado, minha pitangueira estava frutificando. Quando voltar no próximo feriado, os micos não terão deixado nada para mim.

E, quase por último: feiras e mercados não vendem pitanga. É fruta que recusa o comércio: não dura, amassa na manipulação, fere-se, fica passada, mela, fermenta. Ainda assim, se houvesse pitangas à venda, eu não iria disputá-las nas árvores com os bem-te-vis de Perdizes.

Minha última justificativa: não se encontra geleia de pitanga no comércio de rotina. Pode haver, no Norte talvez, mas não encontrei por aqui. É fácil achar de abacaxi, laranja, maçã, amora, damasco, frutas vermelhas, morango, mirtilo, pêssego, até de jabuticaba já vi. Outra que sumiu foi a de marmelo, mas essa minha sogra faz, no tempo da fruta. Não sei se há pitangas em outros países, talvez não. É obrigação nossa, nacional, tornar disponível a geleia de pitanga. Se fosse estrangeira, haveria, importada, como há a de blueberry.

Então, retomando o início: vinha eu de volta do supermercado, com dois saquinhos de compras miúdas, caminhando atento às armadilhas das calçadas, quando vi, no chão, o cenário perturbador: pitangas caídas, maduras, vítimas de algum vento da manhã, muitas delas comidas pela metade, quantidade de caroços limpos de frutinhas já degustadas... Olhei para o alto: afe! Pé carregado, do verde ao roxo. Adiante, outro pé, igual! Ah, o que a chuva e o sol haviam feito em quinze dias...

Foi automático: passei as compras de um saquinho do supermercado ao outro e comecei a colheita. Dava-me o prazer de escolher as mais bonitas. Quando ficaram mais difíceis, apanhei uma vassoura velha numa caçamba de demolição ali perto e com ela verguei os galhos mais altos, engordando o saquinho. Geleia rende pouco, e a fartura de matéria-prima me empolgava. Nesse momento, passava de carro um ex-colega de jornal, que me reconheceu e parou. Eu me senti ridículo. Já estava ensaiando explicações, longas talvez, que nos cansariam os dois, quando ele cortou:

– Maravilha! Eu sempre quis fazer isso e nunca tive coragem!

Desceu do carro e me ajudou.



Vocabulário:             

Mirtilo: fruta pouco consumida. Riquíssima em nutrientes, também comumente conhecida como blueberry e vendida na forma congelada. 
Estouvada: estabanada, imprudente, inconsequente, travessa.
Flagrado: descoberto, surpreendido.
Insolúvel: que não se pode resolver; sem solução.
Nostalgia: melaconlia causada pelo afastamento da terra natal.
Vergar: dobrar, arquear
Voracidade: grande apetite ou vontade de comer; gula.



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Rubem Alves: breve biografia

Rubem Alves (1933) é teólogo, educador e escritor brasileiro. É autor prolífico de livros sobre filosofia, teologia e estórias infantis.

Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, em Minas Gerais. Sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde também estudou. Apesar de da boa escola que frequentava, vivia solitário, pois sofria discriminação pelo seu sotaque mineiro.

Estudou teologia e tentou ser pastor no interior de Minas Gerais. Cursou teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas. Exerceu as atividades de pastor em Lavras, Minas Gerais.

Em 1963, foi estudar em Nova York em voltou com o título de mestrado em teologia. Em 1968, foi perseguido pelo regime militar brasileiro, que o acusou de subversão. Viajou aos EUA, onde cursou o doutorado em filosofia na Princeton Theological Seminary.

Nos anos 70, Rubem Alves ensinou educação e filosofia na Unicamp-Universidade de Campinas. Também ocupou diversos cargos, entre eles, o de Diretor da Assessoria Especial para assuntos de Ensino, de 1983 a 1985.

Nos anos 80, torna-se psicanalista através da Sociedade Paulista de Psicanálise. Passou a escrever nos grandes jornais textos sobre comportamento e psicologia.

Rubem Alves, depois de aposentado, investiu seu tempo num restaurante para exercer seu gosto pela gastronomia. O local era também usado para eventos culturais que envolviam cinema, pintura e literatura.

Dos vários livros que Rubem Alves publicou, vale a pena destacar “O que é religião”? (filosofia e religião), “A volta do pássaro encantado”, “O patinho que não aprendeu a voar” (livro infantil) “Variações sobre a vida e a morte” (teologia) e “Filosofia da Ciência” (filosofia e conhecimento científico).




Ryan Hreljac

Seguem links para sites que contêm informações sobre o projeto de Ryan Hreljac:




sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Crônica "Homem no mar", de Rubem Braga

De minha varanda vejo, entre árvores e telhados, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali, no belo azul das águas, pequenas espumas que marcham alguns segundos e morrem, como bichos alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.
Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem andando. Ele nada a uma certa distancia da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor das águas e do vento, e as pequenas espumas que nascem e somem parecem ir mais depressa do que ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada, toda sua substância é água e vento e luz, e o homem tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo seu corpo a transportar na água.
Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita que um desconhecido o vê e o admira porque ele está nadando em uma praia deserta, Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão. Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei, duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços. Mais uns cinqüenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado o esconderá. Que ele nade bem esses cinqüenta ou sessenta metros, isto me parece importante, é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mesmo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem.
É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solitário com ele, e espero que ele esteja comigo. Que ele atinja o telhado vermelho, e então eu poderei sair da varanda tranqüilo, pensando – ” vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que Le nadou sempre com firmeza e correção; esperei que ele atingisse um telhado vermelho, e ele atingiu”.
Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; ele não estava fazendo nenhum gesto a favor de alguém, nem construindo algo útil; mas certamente fazia uma coisa bela, e a fazia de um modo puro e viril.
Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mário Prata: breve biografia

Mario Prata é um escritor, dramaturgo, jornalista e cronista brasileiro. É natural de Uberaba, Minas Gerais, mas viveu boa parte da infância e adolescência em Lins, interior de São Paulo. Em mais de 50 anos de escrita, tem no currículo 3 mil crônicas e cerca de 80 títulos, entre romances, livros de contos, roteiros e peças teatrais. Na carreira, recebeu 18 prêmios nacionais e estrangeiros, com obras reconhecidas no cinema, literatura, teatro e televisão.

Sua estreia na literatura foi em 1969, com o texto “O Morto que Morreu de Rir”. Em 1987, a premiada peça teatral “Besame Mucho” foi lançada em livro. Explorando gêneros, escreveu e participou de dez coletâneas literárias e da coleção “Quem Conta um Conto”, projeto adotado em escolas, com organização do professor Samir Curi Meserani. De 1970 a 1987, Mario Prata também escreveu e participou de cinco publicações para o público infantil

Mais recentemente, o autor tem se dedicado à literatura policial, com dois livros publicados do gênero: Sete de Paus (2008) e Os Viúvos (2010). Sua publicação mais recente é Almanaque Pinheiro Neto, livro comemorativo lançado em 2012.





"Lei" muito importante




Jogo sobre a independência do Brasil

Um joguinho bastante interessante! Aproveitem!!!

http://educarparacrescer.abril.com.br/1822/?utm_source=redesabril_educar%20&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_educar&utm_content=hotsite&

Sobre acentuação gráfica...

http://rachacuca.com.br/educacao/portugues/regras-de-acentuacao-grafica/

Exercícios:

http://rachacuca.com.br/quiz/40014/regras-de-acentuacao-grafica-i/

A história do leão criado em casa...



Crônica "Avestruz", Mário Prata



O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus 10 anos, um avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu os avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto. 

Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruz. E se entregavam em domicílio. 

E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. O avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar o avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa um avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase 3 metros - 2,70 para ser mais exato. 

Mas eu estava falando da sua criação por Deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí, assustando as demais aves normais. 

Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor! 

Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que, logo depois, Adão, dando os nomes a tudo o que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha. 

Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que os avestruzes vivem até os 70 anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na menopausa. Não têm, portanto, TPM. Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima! 

Podem gerar de dez a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento. 

Ele insiste, quer que eu leve um avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer. 

Foi quando descobri que eles comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem. 

Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu. 

Pedi para a minha amiga levar o garoto a um psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.


terça-feira, 30 de julho de 2013

Sequência didática para o estudo de crônicas - 5ª série/6º ano

Texto: ”Avestruz”, de Mário Prata
 Ano indicado: 
 Tempo estimado: mínimo de 8 aulas
 Objetivos gerais: 
  • Desenvolver as capacidades de uso da língua, especialmente na modalidade escrita.
  • Permitir que o aluno identifique as marcas do gênero textual proposto.
  • Promover o autodesenvolvimento, estimulando a leitura, a pesquisa e a busca pelo conhecimento.
Expectativas gerais: 
  • Identificar elementos constitutivos da organização interna de um gênero.
  • Estabelecer conexões entre o texto e os conhecimentos prévios, vivências e valores.
  • Estabelecer a relação entre o título e o corpo do texto.
  • Recuperar informações explícitas.
  • Inferir o sentido de palavras ou expressões a partir do contexto.
  • Inferir o uso de palavras ou expressões de linguagem figurada e compreender os sentidos conotados.
  • Inferir informações pressupostas ou subentendidas no texto.
  • Produzir textos a partir de modelos, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, estruturando-o de maneira a garantir a relevância das partes em relação ao tema e aos propósitos do texto e a continuidade temática.
1ª aula:
Introdução ao tema
Comece a aula com um bate-papo com os alunos. Pergunte quantos já pediram (ou sabem de alguém que pediu) um presente muito estranho de aniversário. Em seguida, pergunte que animal seria estranho alguém querer de presente. Ouça as respostas e ajude-os a identificarem as possibilidades impossíveis, tais como: leão, tigre, urso etc.
Verificando o conhecimento prévio e despertando o interesse
Informe-os de que o texto lido trata de uma ave cujo corpo é do tamanho de um boi, que pesa entre 100 e 160 quilos, chega a 2,70m, tem asas (mas não voa) e longo pescoço (descreva o animal conforme as informações apresentadas do texto). Deixe para falar do pescoço por último, por ser uma característica marcante da ave. Veja se algum aluno identifica a ave; se não, mostre a foto de um avestruz (se possível uma imagem que deixe claro sua proporcionalidade de tamanho com relação ao homem (principalmente) e a outros animais conhecidos deles (cachorro, gato, galinha etc.)).
Você pode sugerir também que desenhem o animal de acordo com sua descrição. Depois, pode comparar os desenhos à imagem do avestruz.
2ª aula:
Diga que vocês lerão uma crônica cujo título é “Avestruz”. Perguntem se sabem o que é crônica. Anote as respostas na lousa. Em seguida, conte uma história uma crônica que aborde um tema comum (crônica). Se possível, leia-o como se a história fora vivida por você.
Apresente as características do gênero, circulando as informações corretas citadas por eles, escritas na lousa, e acrescentando o que falta.
Leia o texto para a classe. Apresente breve biografia do autor, se possível com foto.
3ª aula
Retome o texto da aula anterior e verifique se há algum problema quanto ao vocabulário. Sugira que descubram o significado das palavras desconhecidas pelo conhecimento de mundo (entrega de pizza em domicílio, por exemplo), pelo contexto (asas “atrofiadas”, pelo trecho “talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos, por aí, assustando as demais aves normais”) ou ainda pelo uso de dicionários.
Em seguida, peça que respondam às perguntas:
1. Toda crônica trata de um tema comum na vida das pessoas. Qual é o tema comum abordado em “Avestruz”?
2. Outra característica da crônica é a narração descontraída, subjetiva: o narrador conta a história como se conversasse com um amigo. Que palavras ou expressões usadas no texto revelam essa característica?
3. Quanto aos elementos narrativos:
a) Quem são as personagens da história?
b) Onde acontecem os fatos?
4. Quanto às marcas espaciais?
a) A marca espacial “Floripa” refere-se à capital de qual estado brasileiro?
b) Esse estado fica em qual região do país?
c) Que outros dois estados pertencem a essa região?
d) Complete a tabela com os dados que faltam:

SIGLA
ESTADO
CAPITAL
SP



Rio de Janeiro



Belo Horizonte


Manaus
RS


RN



Distrito Federal



Vitória

Professor: Abordar assuntos de outras disciplinas em sua aula mostra como todas estão interligadas, relacionadas.


e) Que outras siglas não relacionadas aos estados do Brasil você conhece? Escreva-as e seus significados. Neste exercício, seria interessante colocar as siglas desconhecidas e/ou diferenciadas na lousa.

Professor: Caso não tenham com clareza o conceito de sigla, retome-o.

Para casa:
1. O menino mora no bairro Higienópolis, em São Paulo. Faça uma breve pesquisa na Internet e responda:
A maior parte das pessoas pertencentes a esse bairro é como: pobre, rica, muito rica, nem rica nem pobre?
2. Aproveitando a pesquisa, veja fotos locais (pelo Google Imagens, por exemplo) e responda:
a) Que tipos de construções há nessa região (casas térreas, sobrados, mansões, prédios etc.)?
b) Como são as casas e apartamentos dessa região?
c) Há pessoas famosas que moram lá? Quais?
Professor: Caso haja Laboratório de Informática com computadores suficientes para sua turma, essa pesquisa pode ser feita na escola, sob sua orientação. Aproveite para pesquisar fotos do bairro onde está localizada a escola e onde os alunos residem. Ajude-os a compararem as fotos e discuta as condições sociais em que vivem os moradores de cada região.

4ª aula:
Correção das tarefas da aula anterior e da lição de casa.
5ª aula
Retomando os elementos narrativos para compreensão, análise e interpretação do texto.
Inferir possível condição social das personagens, a fim de identificar o porquê de tal pedido absurdo (provavelmente trata-se de criança burguesa, acostumada a ganhar tudo o que pede, classe A ou B (mora em Higienópolis), tem jogos eletrônicos etc.).
Apresentar as questões:
1. O que podemos dizer acerca do menino do texto? Cite cinco coisas.
2. Que suposições podemos fazer a respeito dele? Assinale a alternativa que julgar correta:
(    ) Trata-se de uma criança inocente, que nunca viu a imagem de um avestruz na vida e, por isso, deseja ter a ave como animal de estimação.
(  ) Aparentemente é uma criança mimada, acostumada a ter todos os seus desejos atendidos.
(    ) Trata-se de uma criança desinformada, por não saber que é impossível criar um avestruz dentro de um apartamento.
(    ) Trata-se de uma criança de classe média-alta ou alta, muito bem informada, que sabe como criar um avestruz dentro de um apartamento.
3. O que fez o menino desistir de ganhar um avestruz? Que informação o narrador deu ao menino que o fez desistir de ter um avestruz? Por qual motivo você acredita que ele desistiu da idéia?
Trabalhando questões linguísticas
Há três palavras no texto escritas em língua distinta do português. Que palavras são essas? Estão escritas em qual língua?
Professor: Explique a grafia dos nomes científicos (ou veja a possibilidade de o professor de Ciências tratar do assunto).
6ª aula
Corrija as questões da aula anterior mostrando os caminhos percorridos no texto para encontrar as respostas corretas:
Não se trata de criança inocente, que nunca vira antes um avestruz, pois o narrador afirma que o menino teve o contato visual com o animal ao visitá-lo.
Não se trata de criança desinformada, pois o contexto nos permite perceber que ela tem acesso a informações (tem acesso a internet).
Sugira que escrevam um texto considerando que o pedido do menino fora atendido e pensando nas seguintes questões:
a) Como foi o transporte do animal no avião?
b) Qual a reação do menino ao receber o animal? E a da mãe?
c) Como a presença da ave no apartamento mudou a rotina da família?
d) O que o animal aprontou?
Professor: As produções textuais permitirão verificar o aproveitamento da aprendizagem e enxergar quais pontos gramaticais, ortográficos e poderão ser trabalhados ao longo do ano. Escolha algumas produções para uma revisão em grupo. Não cite os nomes dos autores dos textos a fim de evitar constrangimentos ou gozações.
7ª aula:
Leia as produções de seus alunos, sem citar autoria, para que toda turma possa conhecer os diferentes finais possíveis.
Leia outra crônica para seus alunos, mostrando como as marcas do gênero estão presentes nelas e retomando cada uma delas. Sugestão de leitura: “Festa de aniversário”, Luis Fernando Veríssimo.
Apresente outras crônicas para que sejam lidas individualmente. Caso haja acesso fácil à Biblioteca, organize uma visita ao local para que as leituras sejam feitas lá, diretamente de livros que apresentem textos do gênero.
8ª aula:
Elabore uma avaliação que vise à interpretação de uma crônica e à verificação da assimilação das marcas centrais do gênero.
Professor: Se possível, agende uma visita da turma ao Zoológico, para que vejam os animais citados na história e outros.

Simone Costa